Arquidiocese de
Vitória da Conquista

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Indicações Pastorais para a melhor utilização da 3ª Edição Típica do Missal Romano

Indicações Pastorais para a melhor utilização da 3ª Edição Típica do Missal Romano

Testde de legenda

Prot. N. 0312/2023
Circular 008/2023

“Fazei isto em memória de mim”
(Lc 22,19)

Ao Clero, Religiosos, Religiosas, Agentes de Pastorais, Grupos, Movimentos, Fiéis da Arquidiocese de Vitória da Conquista,

Que “a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” estejam convosco (cf. Gl 1,3)!

“A Liturgia dá glória a Deus, não porque nós possamos acrescentar algo à beleza da luz inacessível em que Ele habita (cf. 1 Tm 6, 16) ou à perfeição do canto angélico que ressoa eternamente nas moradas celestes. A Liturgia dá glória a Deus porque nos permite, aqui, na terra, ver a Deus na celebração dos mistérios e, ao vê-lo, ser vivificados pela sua Páscoa: nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados, por graça fomos restituídos à vida com Cristo (cf. Ef 2, 5), somos a glória de Deus (Papa Francisco, DESIDERIO DESIDERAVI, n. 43)

As Arquidioceses e Dioceses de todo o Brasil estão recebendo a nova edição do Missal Romano, que entra em vigor oficialmente no próximo dia 3 de dezembro, Primeiro Domingo do Advento e início do novo Ano Litúrgico. O Missal é um livro litúrgico “muito denso, enquanto apresenta a teologia da missa, a articulação do rito, as funções e tarefas de cada ministro e da assembleia, as normas para correta celebração e as possibilidades de sadia adaptação” (cf. Scicolone, I, Livros Litúrgicos, in Dicionário de Liturgia, Paulus, 1992, p. 690).

O Missal Romano nos insere na dinâmica da fé celebrada e acreditada (lex orandi e lex credendi), testemunho da comunidade que reza com o olhar fixo em Jesus Cristo, celebrando o mistério de sua Páscoa. Também se expressa na vida (lex vivendi), em suas alegrias e esperanças.  A Igreja ao oferecer esta nova edição busca reconhecer o caminho de aprofundamento da reforma litúrgica que culminou do Concílio Vaticano II, expressa na Constituição sobre da Liturgia Sacrosanctum Concilium. A 3ª edição do Missal Romano não é, portanto, um novo rito, mas um aperfeiçoamento litúrgico, afim de que melhor possamos celebrar.

Foram revistos todos os textos da missa, visando aproximar a tradução da língua portuguesa dos formulários em latim, mas também da tradição litúrgica e da sensibilidade literária e religiosa atual no Brasil.

Na apresentação da nova tradução (págs. 7-9) estão reunidas as motivações teológicas e pastorais que conduziram a esta terceira edição.

Na primeira parte do Missal, chamada de Próprio do Tempo, destacam-se:

•          Os formulários completos para as Missas feriais do Tempo do Advento e do Tempo Pascal;

•          A Missa da Vigília da Epifania do Senhor;

•          As orações sobre o povo, ao final da Missa, durante a Quaresma;

•          A Missa da Vigília em forma prolongada na solenidade de Pentecostes.

O rito da Missa também inclui elementos novos:

•          Doze prefácios acrescentados: Depois da Ascensão do Senhor; Domingos do Tempo Comum X; Matrimônio; Bem-Aventurada Virgem Maria III, IV e V; Mártires II; Santos Pastores II; Doutores da Igreja I e II; Comum VII, VIII e IX. Os prefácios de São José e dos Santos Anjos foram colocados nas respectivas comemorações, pela edição latina.

•          A minuciosa revisão da tradução das Orações Eucarísticas, com a inclusão do nome de São José naquelas determinadas pelo Papa Francisco (II, III e IV), além das novas formas de suscitar a aclamação memorial e da ratificação e necessária harmonização das pequenas aclamações: “Mistério da fé! Anunciamos, Senhor a vossa morte…; Mistério da fé e do amor! Todas as vezes que comemos deste pão…; Mistério da fé para a salvação do mundo! Salvador do mundo, salvai-nos…”.

•          A mudança na primeira forma de realizar o Ato Penitencial, respeitando o original latino: “Confesso a Deus todo–poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa.”

•          A sétima forma de introduzir o Pai-Nosso, tomada da rica tradição do rito ambrosiano: “Guiados pelo Espírito Santo, que ora em nós e por nós, elevemos as mãos ao Pai e rezemos juntos a oração que o próprio Jesus nos ensinou.”

As orações das Missas Próprias dos Santos, foram incluídos novos santos no Calendário Universal:

•          Santíssimo Nome de Jesus (3 de janeiro)

•          Santa Josefina Bakhita (8 de fevereiro)

•          São Gregório de Narek (27 de fevereiro)

•          São João de Ávila (10 de maio)

•          Bem-aventurada Virgem Maria de Fátima (13 de maio)

•          São Cristóvão Magalhães e comp. mártires (México, 21 de maio)

•          Santa Rita de Cássia (22 de maio)

•          São Paulo VI (29 de maio)

•          Santo Agostinho Zhao Rong e comp. mártires (China, 8 de julho)

•          Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo – atualização: festa

•          Santa Maria Madalena – atualização: festa

•          São Charbel Makhluf (Líbano, 24 de julho)

•          Santos Irmãos marta, Maria e Lázaro (29 de julho)

•          Santa Teresa Benedita da Cruz (9 de agosto)

•          São Ponciano e Santo Hipólito (12 de agosto)

•          Santíssimo Nome da Bem-aventurada Virgem Maria (12 de setembro)

•          Santa Hildegarda de Bingen (17 de setembro)

•          São Pio de Pietrelcina (23 de setembro)

•          Santa Faustina Kowalska (6 de outubro)

•          São João XXIII (11 de outubro)

•          São João Paulo II (22 de outubro)

•          Santa Catarina de Alexandria (25 de novembro)

•          São João Diego (9 de dezembro)

•          Bem-aventurada Virgem Maria de Loreto (10 de dezembro)

No que se refere ao Calendário próprio do Brasil foram inseridos os seguintes Santos e Santas:

•          São José de Anchieta (9 de junho)

•          Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus (9 de julho)

•          Bem-aventurado Inácio de Azevedo e companheiros mártires (17 de julho)

•          Santa Dulce Lopes Pontes (13 de agosto)

•          Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, presbíteros, Mateus Moreira, leigo, e companheiros mártires (3 de outubro)          

•          São Pedro de Alcântara (19 de outubro)

•          Santo Antonio de Sant’Ana Galvão (25 de outubro)

A tradução incorporou ainda disposições realizadas pelo Papa Francisco: instituição da festividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, na segunda-feira depois de Pentecostes; e a dos Santos Marta, Maria e Lázaro, em substituição à memória de Santa Marta; elevação da memória de Santa Maria Madalena ao grau de festa, conferindo-lhe um prefácio próprio: “Apóstola dos Apóstolos”; e determinou que fossem incluídas as memórias da Bem-Aventurada Virgem Maria de Loreto, de São Gregório de Narek, São João de Ávila e Santa Hildegarda de Bingen, doutores da Igreja, dos Papas São João XXIII, São Paulo VI e São João Paulo II, e de Santa Faustina Kowalska.

Em relação à edição anterior, foi ricamente ornado com gravuras do artista sacro Cláudio Pastro, retiradas do projeto iconográfico do Santuário Nacional de Aparecida, pois natureza do livro litúrgico exige que a sua forma e conteúdo sejam dignos do que ele representa. Conscientes de que o canto não é um mero elemento ornamental, mas uma parte necessária e integrante da liturgia solene (cf. SC 112) foram inseridas no Ordinário da Missa algumas partituras, antes mantidas apenas no Apêndice.

A Terceira edição do Missal Romano possui 1.296 páginas e pesa 3,4kg. É um volume manuseável, nobre na sua estrutura gráfica, bem encadernado e de boa leitura.

Considerando o grande valor espiritual presente na 3ª Edição do Missal Romano recomendamos uma adequada recepção deste valioso instrumento de oração da Igreja, indicando alguns pontos, que certamente, poderão ser enriquecidos por outras iniciativas pastorais que a comunidade local julgar oportuno, para a melhor acolhida do livro litúrgico:

  1. A maior parte das mudanças diz respeito as fórmulas que são recitadas pelo presidente da celebração, enquanto foram pequenas as alterações nas respostas e aclamações que são dadas pela assembleia litúrgica. No início, recomendamos que o povo espere, com calma, a conclusão das fórmulas recitadas pelo presidente, antes de responder seu “amém” e estejam atentos e cientes das novas formas de suscitar a aclamação memorial para a necessária harmonização das pequenas aclamações: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice […]”;
  2. Da parte do presidente da celebração litúrgica, considerando que as maiores alterações aconteceram nas fórmulas por ele ditas, é pedido maior concentração, uma atenção ao texto escrito, para superar o hábito de dizer as palavras que estão na própria memória. Recomenda-se vivamente que na preparação pessoal para a Celebração Eucarística além da meditação dos textos bíblicos, também se prepare com os eucológicos e faça a escolha das partes fixas que serão utilizadas naquela celebração;
  3. Que sejam promovidas formações para os membros das equipes de liturgia, grupos de coroinhas, ministros extraordinários da distribuição da sagrada comunhão e canto, a fim de que as celebrações transcorram com o devido decorro, resguardando a participação ativa, consciente e frutuosa dos fiéis;
  4. Considerando que os suplementos “Igreja em Oração. Nossa Missa no dia a dia” das Edições CNBB e “Liturgia Diária” da Paulus, os principais mensais utilizados pelos fiéis de nossas comunidades, trazem a nova versão do missal, recomendamos que sejam utilizados para ajudar na participação dos fiéis nas várias partes da missa;
  5. Os gestos e posições do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a Sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes. Para obter a uniformidade nos gestos e posições do corpo numa mesma celebração, recomendamos que se evitem repetições dos gestos próprios do sacerdote pelos fiéis, bem como, se evitem gestos individuais que firam a unidade da assembleia litúrgica. Isto é, quando se recomenda que todos fiquem de pé, ou se sentem ou ajoelhem, todos devem obedecer, a não ser nos casos previstos na IGMR n. 21 (falta de espaço ou grande número de pessoas ou outras causas razoáveis não permitam);
  6. Insistimos que o uso da nova edição do Missal Romano seja acompanhado da leitura atenta da Instrução Geral, pois a simples aplicação das rubricas e a mera mudança de algumas palavras não serão suficientes para que se realize aquele que foi o sonho do Vaticano II para a Igreja, isto é, possibilitar que todos participem de maneira atuante e frutuosa da celebração da Páscoa do Senhor e vivam desse Mistério. Não permitamos que toda a expectativa que precedeu a nova edição pareça vazia;
  7. Como o uso de um novo livro litúrgico é um “sinal de comunhão eclesial”, recorda-se que a partir de 3 de dezembro não se deve utilizar mais a antiga versão. Os missais precedentes sejam guardados convenientemente como um livro sagrado, porém não mais utilizados.

Por fim saúdo as comunidades de nossa Arquidiocese, incentivando a todos a acolher com gratidão e alegria a nova edição do Missal, celebrando com maior zelo e fecundidade o Mistério Pascal de Cristo, razão da nossa Salvação. Que a Virgem Maria, Senhora das Vitórias, nos acompanhe com seu materno olhar e nos ajude a fazer tudo o que Jesus nos disser (cf. Jo 2,5).

Dada em nossa Cúria Metropolitana de Vitória da Conquista, 4 de novembro de 2023, Memória de São Carlos Borromeu.

Dom Josafá Menezes da Silva
Arcebispo Metropolitano de Vitória da Conquista

Pe. Lucas da Conceição Sousa
Chanceler do Arcebispado

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