Em nossa Arquidiocese, a presença dos Franciscanos se dá na primeira metade do Século XX, vindos da Itália, os Frades Capuchinhos que aqui chegaram, “dando missão”, na época em que o Vigário era o Pe. Exupério, lançaram a primeira pedra da Igreja Matriz, atual Catedral e organizaram a “Comissão das Folhas Semanais”, que tinha por objetivo arrecadar o numerário necessário para o pagamento semanal dos trabalhos da construção da igreja.
Tempos depois, receberam, por feliz coincidência a Provisão do Arcebispo Primaz da Bahia, narrada no Livro de Tombo da Catedral Metropolitana:
“Aos seis de janeiro de mil novecentos e quarenta e um, às nove horas da manhã, dia de Epifania do Senhor, à estação da Missa Paroquial dei, na forma Canônica, após a leitura da provisão passada pelo Exmº e Revmº Arcebispo Primaz, posse ao Revmº Frei Egídio de Elcito como Vigário Ecônomo da Freguesia. Fiz-lhe a entrega do Arquivo e demais documentos existentes da mesma Paróquia. ”
Conquista, 6 de janeiro de 1941. Mons. Florêncio Vieira
Nesses termos, eram iniciadas as futuras e profundas ligações do povo Conquistense com a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, e como primeiro relato da ação Missionária, narra o Fr. Egídio:
“No dia 14 de janeiro de 1941, fui em Barra do Choça e à noite rezei o terço n Capella repleta de fiéis, preguei e confessei. No dia 15, celebrei a Santa Missa e distribuí 54 primeiras comunhões”
Também, foi iniciado o processo de construção da Matriz de Nossa Senhora da Vitória, em Vitória da Conquista, aos 30 de janeiro do mesmo ano, e conforme relatos, foram uma empreitada “demorada pela dificuldade de verba”.
Aos 2 de agosto de 1942, foi Sagrado para primeiro Bispo de Amargosa e Conquista, o até então Mons. Florêncio Vieira, que aos de 15 de agosto do corrente ano seria empossado.
No ano seguinte, no dia da festa da Padroeira, chega à Matriz o novo sino de 152 quilos e naquele mesmo ano, também chegaria o pintor José Lima, para pintar o conjunto de imaginárias no teto da Igreja Mãe de Vitória da Conquista.
No primeiro mês de 1945 iniciaram concomitante com as construções da Matriz, a construção da Casa Paroquial e Salão, tornando-se habitável já aos 13 de abril, sem estar totalmente acabada.
No ano seguinte, o Revdo. Vigário narra a grande devoção do povo Conquistense, a descrever os feitos da Semana Santa, em 1946:
“Realizamos com toda a Comunidade os atos da Semana Santa, Tríduo pregado por Fr. Pio; procissão do Encontro do Cristo Morto e da Ressureição com muita concorrência. Total de comunhões: 1800”.
Aos 17 de janeiro de 1947, descreve o Fr. Egídio, que, autorizado pelo Exmº Senhor Bispo de Amargosa, D. Florêncio Vieira, foi dada a bênção solene à Nova Matriz de Vitória da Conquista, in “Laus Deo et honor Mariae”. Estando presentes, toda à Comunidade Conquistense e também anuncia sua nomeação como Custódio Provincial da Província dos Frades Capuchinhos e também, seus sucessores: o Fr. Miguel Ângelo de Cingoli, OFMCap, Pároco, juntamente com: Fr. Pio de Esplanada, OFMCap e Frei Apolônio de Barra de São Pedro, OFMCap, Vigários Cooperadores e como Vigário Ecônomo, o Fr. Isidoro de Loreto, OFMCap.
Inicia o Fr. Isidoro o relato de sua epopeia em terras conquistenses na seguinte letra: “Comecei minhas atividades apostólicas com muito entusiasmo e estimas.” Empenhando-se na solidificação da fé da Comunidade, instalou a Pia Prática das terças-feiras, em honra ao Glorioso Santo Antônio; também determinou que aos sábados, para maior Devoção à Santa Mãe de Deus que a Santa Missa fosse cantada; bem como a imensa pompa empregado nas festividades do mês do maio.
Os frades recém chegados desempenharam diversas ações para o bom desenvolvimento da Comunidade Local, a começar com fundação da Escola Santa Cecília, com objetivo de formar a mocidade, visando educar alunos e alunas de forma espiritual e intelectual.
Narra-se que na inauguração fora apresentado um belíssimo programa litero-musical, que presenciado pelo grande público e pelas autoridades religiosas e civis. Onde fizeram uso da palavra diversos oradores, entre eles, o Prefeito da Cidade, o Sr. Antonio Pedreira de Oliveira.
Também empregou-se em aumentar o Apostolado Vicentino, na Capela da Santa Casa de Misericórdia, celebrando com grande solenidade as festas de São Vicente de Paulo, percorrendo em procissão pelas dependências do Hospital.
No mesmo ano, percebendo o crescente desenvolvimento socioeconômico do Sudoeste Baiano. elabora um manifesto alterando o Título da Padroeira da Cidade para Nossa Senhora das Vitórias, nos termos:
“ Titular da Igreja matriz e Padroeira da cidade – 15 de Agosto de 1948 com propaganda extraordinária e com brilho não comum, foi feita a festa a N.S. das Vitórias. Foi promulgado um manifesto que relato fielmente. Manifesto: Povo de Conquista, a cidade prospera (sic) e grande, vem sendo protegida e abençoada por Maria SS. Muito bem escolhida pelos nossos antepassados como padroeira do lugar. É dever de todos celebrar louvores a tão carinhosa Mãe, porque Conquista, por seus filhos, vive feliz com suas vitórias no mar tempestuoso da vida .”
No natal de 1948, empenharam-se os Frades em propiciar um melhor acalento para os mais pobres, organizaram o “Natal dos Pobres”, distribuindo juntamente com a Escola Santa Cecília diversas roupas e brinquedos a inúmeras crianças pobres, também visitaram os presos, alegrando-os com dinheiro e alimentos. Finalizando o relato do seguinte modo:
“ Sempre a Igreja Católica com sua obra social”
Em junho de 1949, continuando a empreitada para a crescente do Reino de Deus, o Revd.º Vigário, juntamente com todo o povo Conquistense, entronizaram a imagem do Senhor Jesus Cristo Crucificado no recinto da Câmara Municipal de Vereadores, no Paço Municipal, juntamente com Prefeito, Dr. Pedreira, diversos vereadores, grande multidão de povo católico e inúmeros vereadores.
“Fez o ato religioso o Vigário Fr. Isidoro que pronunciou expressivo discurso. A Escola Santa Cecília cantou hinos e compareceu de forma numerosa no ato. Com a imagem, foi oferecida à Câmara toda a Sagrada Escritura, em brochura.”
Também entronizaram o Senhor Crucificado na Delegacia de Polícia da Cidade, no Salão da Companhia Militar.
“As repartições públicas de Conquista trabalham com a imagem de Cristo.”
E em todas suas ações diziam: ‘Nenhuma remuneração recebemos, mas estamos satisfeitos por trabalhar por amor a Deus.”
Em 1956, o Frei Benjamim de Villa Grande, removido da Fraternidade de Alagoinhas, continuou o empenho de seus antecessores, com a perspectiva de que Vitória da Conquista seria elevada a Diocese, tomou as primeiras providências essenciais para o futuro da Matriz.
Em janeiro de 1957, os frades iniciaram a construção do Convento Nossa Senhora de Fátima e futuro Seminário da Província da Piedade.
Relatavam que 1958, o ano iniciara com amplo progresso, seja no campo espiritual, quanto no social, com a certeza de verem aumentando o número de religiosos complementando à Fraternidade.
“Os frades, privaram-se muitas vezes do necessário para poupar alguma coisa em prol da construção do Seminário.”
As primeiras providências que deveriam ser tomadas eram essenciais para o futuro da grande Paróquia, já com perspectivas de se transformar em Diocese. Eram imprescindíveis: a aquisição de uma Casa residencial para o futuro Bispo Diocesano; as dependências para a instalação da Cúria Diocesana; o terreno para a construção do Seminário da Diocese, etc. O Frei Benjamim foi providenciando, minunciosamente, todos esses ítens. O Palácio Episcopal foi construído na Praça João Gonçalves, nº. 156, com dois andares, na esquina com a Rua João Pessoa, onde, atualmente, funciona a Casa do Clero e a COTEFAVE – Comunidades Terapêutica Fazenda Vida e Esperança. O terreno escolhido para o Seminário Diocesano, foi junto ao Parque Theopompo de Almeida.
Aos 27 de abril de 1958 saiu a nomeação de Mons. Jackson Berenguer Prado, até então Reitor do Seminário da Diocese de Senhor do Bonfim, para a função de Bispo Diocesano de Vitória da Conquista.
“No dia 14 de agosto foi a grandiosa recepção do novo Bispo Dom Jackson Berenguer, e à noite criação da Diocese de Vitória da Conquista”
Em sessão solene, foi instalada a nova Diocese. E no dia seguinte, festa de Nossa Senhora da Vitória, Dom Jackson tomou posse da sua Diocese, nova e cheia de esperanças. Era a Festa da Padroeira. Houve a Missa Solene, cantada, pela Schola Cantorum do Seminário Santo Antônio dos Capuchinhos de Feira de Santana.
Essa ocasião, marcou a despedida formal dos Capuchinhos da Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, onde, após dois anos assistindo o Bispo Diocesano, iriam para a Zona Oeste da cidade, onde empreenderiam um marco do desenvolvimento Conquistense.
O Fr. Manoel Matias, ao se referir dos tempos de Missão na Freguesia de Nossa Senhora da Vitória afirmara:
“Durante a nossa permanência naquela paróquia foi terminada a igreja, hoje Catedral, pintada em parte, e construída a casa paroquial. Ali demonstramos, os dois, verdadeiro espírito de sacrifício e heroísmo, pois atendíamos toda a paróquia, com mais de 26 capelas, a cavalo. Frei Egídio diabético, mesmo assim nunca se permitiu que eu o substituísse, quando eu podia fazer as suas vezes nestas longas e sem nenhum conforto, faltando até água para beber e a alimentação era de condição péssima. Mas Frei Egídio nunca se lamentava.”
Diante de tantas atividades, seria difícil enumerar as iniciativas realizadas durante o ano de 1958, na qual, os frades aforaram às atividades para ter uma melhor visão de conjunto; entre elas, pode-se citar:
“Além da construção do Seminário, iniciamos uma rede primário com 150 alunos, os quais, nos últimos meses, além do ensino fizemos uma merenda com doce de leite.
Iniciamos em conjunto, o trabalho com as Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena, o Orfanato Santa Catarina de Sena, e um amplo terreno para construir um Centro de Assistência Social e um Centro Artístico Cultural […] também ensaiamos um Círculo Operário; onde iniciamos a construção de várias Capelas; […]
[..] Continuamos como sempre a assistência às Religiosas Sacramentinas e as Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena, e com a visita aos doentes do Hospital Geral.”
A rede ensino que iniciara com 150 alunos, nos dois anos seguintes crescera primeiramente para 500 alunos e depois para 650 alunos, , onde foram empregadas 15 professoras; e tendo por Diretora a Profª. Maria Sofia. Tal contabilização demonstrou a capilaridade da Ação Franciscana no lado Oeste de Vitória da Conquista.
Para construção da Igreja Nossa Senhora de Fátima, o Fr. Henrique de Ascoli, OFMCap, o qual, descrito como “Sacerdote humilde, piedoso e trabalhador.
“O Revdo. Frei que tão bem serviu à nossa Custodia (dos Frades Capuchinhos), enriquecendo-a com as arquiteturas, […] e atualmente a Igreja Nossa Senhora de Fátima, que será um dos melhores monumentos da parte interior da Bahia.”
Em 1963, toma posse o segundo Bispo Diocesano de Vitória da Conquista, Dom Climério Almeida de Andrade, com Lema Episcopal “In Lumine Tuo”, trouxe consigo também às novidades do Concílio Vaticano II, onde os frades foram promotores e influenciadores das novas normas da Igreja ante a modernidade.
“O melhor campo de trabalho confiado à nossa Fraternidade que é imenso e as forças são poucas e com isso pensando no novo sistema de apostolado do Vaticano II e que devemos levar na prática, seja no campo apostólico de nossa Paróquia; seja na formação dos Seminaristas.
Com a ajuda de Deus, esperamos enfrentar e levar o bom resultado as grades e santas intenções do Vaticano II.”
Após o Concílio, diversos Frades Capuchinhos passaram pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima, atuando de forma categórica para a implementação do Reino de Deus, passando diversos Ministros que seriam nomeados Bispos da Santa Igreja.
Não podemos falar a história da região de Vitória da Conquista sem mencionar a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, na contribuição do desenvolvimento cultural e religioso por onde passaram na região Sudoeste, sendo eles os primeiros educadores de nossa cidade.
E ontem, após 3 dias de preparação, aos quais celebraram, Dom Josafá Menezes da Silva, Arcebispo Metropolitano de Vitória da Conquista; Fr. Gilson Marinho, OFMCap, Ministro Provincial dos Frades Capuchinhos da Província de Nossa Senhora da Piedade; Fr. Jorge Rocha, OFMCap; os fiéis da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Santo Antônio de Lisboa, comemoraram com grande júbilo os 80 anos de presença missionária na cidade de Vitória da Conquista.
A Santa Eucaristia foi presidida por Dom Manoel Delson, Arcebispo da Paraíba, o qual foi assistido pelos Diáconos: Frei Ícaro, OFMCap e Frei Rafael, OFMCap e teve por concelebrantes, o Fr. Gilson Marinho, OFMCap, Provincial dos Capuchinhos da Província dos Frades Menores Capuchinhos na Bahia e Sergipe; o Fr. Sebastião Dias, OFMCap, Pároco; Fr Adezí Amarante, OFMCap Fr. Aroldo Francisco, OFMCap e o Fr. Jesulino Pereira, OFMCap, Vigários; Fr. Jorge Rocha, OFMCap; Mons. Gerson de Jesus, Vigário Geral; Pe. Frenilson da Conceição, Reitor do Seminário Diocesano e o Pe. Alessandro Alves, Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Candeias.
Ao término da Santa Missa foi descerrada uma placa comemorativa na frente da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima, em agradecimento pelos trabalhos até então prestados, e o crescimento da missão rumo à uma Igreja em saída.