Arquidiocese de
Vitória da Conquista

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Sinodalidade e formação presbiteral: um caminho necessário

Sinodalidade e formação presbiteral: um caminho necessário

O tema da sinodalidade sempre esteve no horizonte da Igreja, mas ganhou seu apogeu a partir do Concílio Vaticano II. Essa temática tem oferecido uma reflexão teológica profunda e desafiadora sobre o “caminhar” da Igreja. Com o pontificado do Papa Francisco essa questão adquiriu especial importância. De fato, essa experiência já faz parte do espírito da Igreja do terceiro milênio. “Caminhar juntos” é a manifestação da comunhão em vista da missão. Tal experiência deve ser trabalhada nas bases, não só na vivência laical, mas essencialmente na formação daqueles que serão os futuros pastores do povo de Deus.

Observamos, que ainda é necessária uma mudança de consciência na forma atual da maioria das realidades formativas, que ainda não tem a visão “Igreja-povo de Deus”, mas um “clérico-centrismo”. É fundamental que se favoreça aos candidatos à vida presbiteral a capacidade e os meios de discernir os sinais dos tempos, de tal modo, que tenhamos pastores imbuídos da mística e ação pastoral revestidas da natureza sinodal. Sem esse importante passo no modo de “ser e estar” dos futuros presbíteros, torna-se vagaroso o caminho sinodal nas comunidades das quais estes serão pastores. No caminho sinodal, não há espaço para ninguém estar acima do outro, mas a caminho com ele. Deve ser esse o princípio fundante para a formação.

Diante da pluralidade que vivemos, característica do mundo pós-moderno, onde não se admite pessoas que são “donas da verdade”, os candidatos ao ministério presbiteral devem ser preparados para um duplo movimento, isto é, abertura à escuta e ao diálogo, sem se agarrar nas próprias certezas e seguranças. Não há mais espaço para pastores que se cerquem de súditos, mas que desejem ter irmãos e irmãs. “O sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum dos fiéis […] Pela unção do Espírito e por sua especial união com Cristo, ele é um dom para a comunidade”. Com efeito, “a configuração do sacerdote com Cristo-Cabeça […] não o coloca acima dos fiéis” (DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO DOS PRESBÍTEROS NA IGREJA DO BRASIL, 2018, p. 25).

Que possamos, como os discípulos de Emaús, abrir espaços para reconhecer o Senhor no Caminho. Que o medo não impeça a realização desse encontro e possamos ter a oportunidade de experimentar a vida eclesial como um espaço verdadeiramente de vivência entre irmãos e irmãs. Abramos as portas do coração e da consciência ao sopro divino.

Seminarista José Victor Guimarães Assis
2º ano da teologia – etapa da configuração

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